terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Conheça S., um quebra-cabeça literário criado por J.J. Abrams e Doug Dorst


Entrou em pré-venda na Amazon o livro S. de J.J. Abrams, que será publicado no Brasil pela Editora Intrínseca

Quem foi V. M. Straka? O misterioso escritor, autor de romances que derrubaram governos, envergonharam industriais impiedosos e anteciparam a ascensão de regimes totalitários, nunca revelou seu rosto. Sua biografia nebulosa é repleta de boatos que envolvem conspirações, sabotagens e assassinatos. Há apenas uma única certeza sobre ele: até estudar sua obra pode ser perigoso.

M. Straka é o autor de O Navio de Teseu, romance examinado à exaustão por Eric. Nas páginas do antigo exemplar de uma biblioteca universitária, ele anota as pistas deixadas pelo escritor desaparecido. Até que o livro cai nas mãos de Jen, uma estudante de Literatura. É assim que dois desconhecidos iniciam uma conversa frenética nas margens da obra e se unem em busca de respostas.



O Navio de Teseu e a aventura desenvolvida em paralelo por Eric e Jen, que vai além das margens e inclui bilhetes, fotos, cartões-postais, entre outros documentos, compõem S., um quebra-cabeça literário criado por J.J. Abrams e Doug Dorst.

Diretor, roteirista e produtor de dezenas de filmes e séries, Abrams assina sucessos como Lost, Alias e Felicity — além da direção de dois filmes da franquia Missão Impossível e do sétimo episódio da saga Star Wars, O Despertar da Força, que estreia em 17 de dezembro. Já o premiado escritor Doug Dorst concorreu ao Hemingway Foundation/PEN em 2009 por Alive in Necropolis e venceu o Jeopardy! — tradicional programa de perguntas da TV norte-americana — por três vezes.


 
Uma jovem encontra numa biblioteca um livro com anotações de um estranho. As margens repletas de observações revelam um leitor inebriado pela história e pelo misterioso autor da obra. Ela responde os comentários e devolve o livro, que o estranho volta a pegar. Ele é Eric, ela é Jennifer, e o inesperado diálogo dos dois os faz mergulhar no desconhecido.

É esse velho exemplar típico de biblioteca – consultado, anotado, manuseado – intitulado O Navio de Teseu, de V. M. Straka, que o leitor encontrará dentro da caixa preta e selada de S. A lombada está visivelmente gasta e as páginas, amareladas, rabiscadas com comentários manuscritos em diversas cores. Entre as folhas, surpreendentemente, há cartas, cartões- -postais, recortes de jornal, fotografias e até um mapa desenhado em um guardanapo.

O Navio de Teseu data de 1949 e é o décimo nono e último romance de Straka, autor cuja vida é um mistério. Nem mesmo F. X. Caldeira, responsável pela tradução da obra e pela publicação do derradeiro livro, já após o desaparecimento e a suposta morte de Straka, tem mais informações. Nas notas de rodapé, Caldeira tenta contextualizar e relacionar as obras e a vida do autor. Nas anotações a lápis e a caneta, porém, vê-se que Eric, um estudioso de Straka, parece não concordar com as notas da tradução. E as observações escritas por Jennifer, uma graduanda cheia de segredos que trabalha na biblioteca da universidade, mostram que ela percebeu isso.

Da conversa entre Jennifer e Eric nas margens das páginas da obra emerge uma nova trama, que levará os dois a enfrentar decisões cruciais sobre quem são de verdade, quem talvez venham a se tornar e, ainda mais importante: quanto de suas paixões, mágoas e medos eles estariam dispostos a compartilhar com alguém que não conhecem.





As primeiras pistas de S.

Giu: Oi, pessoal, tudo bem? Meu nome é Giuliana e fui convidada pela Intrínseca para falar um pouco, junto com meu marido, Ulisses, sobre o S., o livro de J.J. Abrams e Doug Dorst, lançamento da Intrínseca. Bem, antes de mais nada, acho melhor explicar que fomos convidados porque trabalhamos no livro (para o pessoal não começar a pensar que a Intrínseca chama qualquer maluco para escrever os textos do blog). Eu era mais responsável pela adaptação e preparação do texto…

Ulisses: E eu tive a função de tentar entender e adaptar os diversos códigos que estão no livro.


De cara, o que dá para perceber é quanto o S. é rico. Logo no início, o leitor já vê que existem diversas formas de ler a obra. Há o “texto principal” no “livro dentro do livro”, O Navio de Teseu, que, por si só, já é envolto em mistérios. Há também milhares de notas manuscritas pela Jen e pelo Eric, personagens que leem o livro e se comunicam pelas margens do texto. Eles começam discutindo o principal mistério da história: a verdadeira identidade de V. M. Straka, autor de O Navio de Teseu, mas esse mistério acaba envolvendo-os em uma busca muito maior.

Isso sem falar nos materiais extras. Mas quando eu digo “material extra” não quero dizer um prefácio qualquer! Dentro do livro há um guardanapo com um mapa desenhado, recortes de jornal, alguns cartões-postais e até mesmo fotos antigas, tudo feito de forma estupendamente realista. Para vocês terem uma ideia, um dos cartões-postais da história veio do Brasil, e o carimbo dos correios brasileiros é exatamente igual ao usado na época.


E tanta verossimilhança faz com que o leitor seja quase um dos personagens da trama. É como se você tivesse entrado na biblioteca da faculdade e encontrado aquele exemplar de O Navio de Teseu. Todo o cuidado editorial foi para que o mergulho na narrativa fosse completo, como se você tivesse recebido aquele livro de pessoas que de fato existiram e por isso precisasse desvendar o mistério. Para quem ama ler, o S. transcende o objeto livro. O Ulisses e eu não temos nenhuma frescura em relação a e-books, muito pelo contrário. Mas S. só pode ser apreciado em sua totalidade no objeto físico, pois nele o meio, a mensagem, o objeto e o objetivo se confundem em um só.

O nosso processo de trabalho também foi bastante singular. Como falei, eu fui o responsável pela adaptação dos códigos. Enquanto a Giu trabalhava no texto, eu tentava descobrir os segredos escondidos no livro. O que posso dizer aos leitores que, como eu, gostam de desvendar códigos é que S. é uma diversão sem fim. O livro é cheio de cifras, códigos históricos, destaques misteriosos; enfim, uma infinidade de coisas. Confesso que um ou outro eu tive que procurar na internet, mas só porque o prazo final estava se aproximando (ou seja, recorri a diversos sites por profissionalismo, não por incompetência).

O texto em si também foi bastante trabalhoso. Em um livro dessa magnitude, com muitas linhas temporais e informações que se cruzam em diferentes capítulos, foi um desafio manter tudo organizadinho. Desafio maior foi inserir as emendas de forma que o pessoal da Intrínseca conseguisse entender…

A versão brasileira do S., aliás, tem uma história interessante, pois, para reproduzir as partes manuscritas do livro, a Intrínseca contratou um designer com a habilidade, digamos, incomum, de copiar a caligrafia alheia, que escreveu à mão todo o texto das margens do livro. Algumas editoras estrangeiras simplesmente colocaram fontes computadorizadas, ou seja: a Intrínseca realmente se esforçou para manter o realismo. Então, podem acreditar quando digo que essa edição foi feita com o maior carinho e competência não apenas por nós, mas por toda a equipe da editora.


Então, é isso. Estamos torcendo para vocês gostarem tanto do S. quanto a gente! Para aqueles que terminarem a leitura e ainda quiserem mais, lembrem-se de que há também muito material criado pelos autores que pode ser encontrado na internet, como páginas de redes sociais de personagens, além de seus blogs e tumblrs. S. é verdadeiramente um ongoing mystery, bem ao estilo do J.J. Abrams (lembram deLost?).


E, como o livro será lançado perto do Natal, não fujam da tradição natalina e comprem bastante! Comprem para vocês, para a família e para todos os seus amigos!


Giu Alonso é editora, tradutora, revisora, ama livros e tem rinite alérgica nas horas vagas.

Ulisses Teixeira, eleito por sete anos seguidos “o sorriso mais bonito do Méier”, abandonou cedo demais a carreira de modelo para se dedicar ao mundo editorial.

Um comentário:

  1. Acabei de ler, li de novo, e ainda assim fiquei com muitas dúvidas... O livro, só pela história dO Navio de Teseu, já vale a pena... Mas, confesso que já desisti de tentar decifrar as coisas... a paciência vai ficando curta... rsrs... O pior é que não encontrei nenhum fórum de discussão, ninguém que já tenha lido e possa falar sem se importar com spoilers...
    Beth

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Criado em Março de 2013, o Psicose Cultural surgiu como um simples blog voltado para o mundo da literatura. A proposta do Psicose Cultural é, sem dúvida, criar entretenimento literário diversificado e diferenciado para seus leitores. Temos como objetivo, informar, dar opiniões, resenhar, tudo relacionado com o mundo literário.




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