Nascido em uma cidadezinha pobre e empoierada, Antonio Mendez sempre foi fascinado por cinema. Em Argo, o ex-agente da CIA conta que, durante a infância, costumava passar as tardes no Cine Rex enquanto se perguntava se viveria, um dia, aventuras como as que via na tela.
Quem já assistiu à versão de Argo dirigida e protagonizada por Ben Affleck — produção que recebeu alguns dos prêmios mais importantes neste ano, como o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme — sabe que Antonio Mendez viveu sim uma história digna de Hollywood. Em 1979, ele comandou uma ousada operação para resgatar um grupo de seis diplomatas norte-americanos durante a Revolução Irãniana. Para retirá-los do país, Mendez se tornou o gerente de produção de Argo, um falso filme de ficção científica em busca de locações no Oriente Médio.
Para convencer as autoridades locais, Antonio Mendez precisava de um projeto completo. No livro que escreveu em parceria com Matt Baglio, ele detalha toda a concepção do álibi criado para que pudesse se infiltrar no Irã e sair de lá acompanhado dos reféns. Com ajuda de amigos em Hollywood, fundou o Estúdio Seis Produções — referência clara aos seis prisioneiros —, nos escritórios em que Michael Douglas havia acabado de produzir Síndrome da China.
Além de um estúdio, era preciso um roteiro. O escolhido foi Lord of Light (O senhor da luz), um projeto verdadeiro que fora cancelado quando um membro da produção foi preso por desfalques. No entanto, a pré-produção já estava iniciada, contava até com storyboards de Jack Kirby, premiado desenhista de histórias em quadrinhos, cocriador de ícones como Capitão Planeta, Thor e Os vingadores.
Uma espécie de space opera, a história se desenrolava em um planeta colonizado onde os homens virariam deuses hindus. Por motivos operacionais, Antonio Mendez acreditava que quanto mais confuso fosse o roteiro, melhor. “Se alguém nos interpelasse, seria muito fácil, para nós, deixá-los atrapalhados com um confuso jargão conceitual. Além disso, eu poderia acrescentar esboços ao portfólio, junto com o script, o que daria à nossa produção mais uma camada de autenticidade”, completa.
Com uma história e sua identidade visual em mãos, só faltava à equipe um nome para o filme. Em busca de algo chamativo e que remetesse à mitologia oriental, escolheram Argo, o nome do navio em que Jasão e os argonautas navegaram para resgatar o velocino de ouro.
Confira alguns dos storyboards de Argo assinados por Jack Kirby:
Créditos - Editora Intrínseca
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